O Conservatório Estadual de Música “Lia Salgado” integra a rede de Escolas Estaduais, atende o Ensino em Música e têm suas ações voltadas para a Formação Profissional de Músicos em nível Técnico, a Educação Musical e a Difusão Cultural, está localizado na Praça Professor Botelho Reis, nº 102, 2º andar, no Centro do Município de Leopoldina no Estado de Minas Gerais.
HISTÓRICO DO ESTABELECIMENTO
O Conservatório Estadual de Música “Lia Salgado” foi criado pela Lei nº 1.123, de 3 de novembro de 1954.
A ideia da criação de um Conservatório em Leopoldina partiu do Dr. Jairo Salgado Gama e de seu amigo, Átila Lacerda da Cruz, pai da primeira Diretora da instituição, Professora Helenice da Cruz Machado Bella, que o dirigiu até 1983. Essa ideia ganhou força, tendo em vista o apoio tanto do então Vice-Governador, Dr. Clóvis Salgado Gama, irmão do Dr. Jairo, como do Governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Em homenagem ao Exmo. Sr. Vice-Governador e mais tarde Governador Dr. Clóvis Salgado Gama, ilustre leopoldinense, que assumiu o Governo de Minas em 1955, em18 de fevereiro de 1.955, pelo Decreto de nº 4.423, o Conservatório recebeu o nome de sua esposa, “Lia Salgado”, que sempre foi pessoa reconhecidamente empenhada e interessada no desenvolvimento da cultura, sendo um nome respeitado entre os artistas.
Foi instalado e passou a funcionar em 23 de janeiro de 1956. Com apoio do Prefeito Municipal, Sr. José Ribeiro dos Reis, o Conservatório de Leopoldina pode abrir suas portas à comunidade, entrando logo em funcionamento no segundo andar do prédio antigo do Gymnásio Leopoldinense. O prédio, que pertencia a Diocese, foi adquirido pelo Estado de Minas Gerais em 7 de dezembro de 1955.
Em 9 de setembro de 1958, os alunos do Conservatório Lia salgado fizeram sua primeira audição, firmando o marco inicial de uma longa trajetória de apresentações e eventos, com inúmeros recitais, peças teatrais, concertos e encontro de corais, recitais de poesia, shows de talentos, concursos, shows de calouros, gincanas infantis e juvenis, apresentações e desfiles cívicos e muitas outras atrações para a comunidade leopoldinense e outras cidades. Foram também recebidos vários artistas e grupos de outras cidades e escolas de música.
A Sra. Lia Salgado era cantora lírica e brindou o Conservatório com recital de canto em 1º de Dezembro de 1974, por ocasião de sua visita à cidade. Figuram também como Patronos, entre as pessoas que muito apoiaram a proposta e colaboraram para a instalação do Conservatório Lia salgado, o Professor Barroso Júnior, assistente do Dr. Clóvis Salgado, quando Ministro da Educação, pessoa que sempre lutou pelo desenvolvimento cultural na cidade, e o senhor Benhur Gomes Motta, chefe de gabinete do Dr. Clóvis Salgado, quando Governador.
Em sua fase inicial, o Conservatório só oferecia o Curso de Piano, funcionando durante algum tempo com dois únicos pianos. Em 1976, já com sete pianos e alguns equipamentos, iniciou o Curso de Violão e o Magistério de Educação Artística. Em 1983, abriu a primeira turma de Técnico em Flauta Doce e, em seguida, em 1984, o Curso de Flauta Transversa. No ano de 1986, iniciou o Curso Técnico de Canto Lírico e, no mesmo ano, o Curso de Violino que, apesar de ter uma boa aceitação e vários alunos, infelizmente, só foi mantido por 4 anos, dada a dificuldade, na época, de se encontrar professores disponíveis na cidade e na região para ministrar as aulas.
Em 27 abril de 1980, por ocasião do aniversário da cidade, inaugurou-se o "Salão Wilson Pimentel", espaço que foi agregado ao patrimônio físico do Conservatório, que necessitava de expansão devido ao crescimento do número de alunos e cursos. A escola passou então a ocupar, além do lado direito do segundo andar do prédio, parte do lado esquerdo.
No ano de 1984, várias atividades tais como Grupo de Teatro, Conjunto de Música Popular, Coral e um Grupo de Dança Folclórica movimentaram o Conservatório, com a participação de pessoas da comunidade. A partir desse trabalho, o "Grupo Folclórico Assum Preto" se consolidou, ganhou asas, fez seu registro próprio e atualmente é popularmente reconhecido na região. Recentemente, em 1996, um movimento popular conseguiu o tombamento do prédio do Conservatório pela IEPHA-MG. Trata-se de um imóvel muito antigo, com arquitetura majestosa, colunas gregas, Projeto do Dr. Ormeu Junqueira Botelho. Já sediou o antigo "Gymnásio Leopoldinense" em 1906, um instituto de ensino exemplar, em regime de internato, equiparado ao Ginásio Nacional; manteve, de 1918 a 1929, uma Escola de Farmácia e Odontologia, reconhecida pelo Governo Federal. Foi adquirido pela Diocese, que o administrou, a partir de 1943, com o nome de Colégio Leopoldinense e, em 1955, foi encampado pelo Governo do Estado, que adquiriu todo o patrimônio. Desde 1956, vem abrigando o Conservatório Estadual de Música Lia salgado e a Escola Estadual Professor Botelho Reis, da rede regular de ensino.
Durante essa trajetória, o Conservatório foi dirigido pelas Professoras Elenice da Cruz Machado Bella, de 1956 a 1983, Edy Guimarães Espíndola, de 1983 a 1987, Luzia Célia Rodrigues Maranha, de 1987 a 1991, Regina Latuf Salomão, de1992 a 1999, e Maria Célia Machado Lemos Fajardo, de 2000 a 2003, Evelise de Oliveira Alvarenga, de 2004 a 2008, Elma Aparecida de Almeida Silva Nogueira, de 2008 a 2011, Simone Ferreira Seoldo, a partir de 2012 até os dias atuais.
Se destacam entre os mestres que passaram pelo CEM “Lia Salgado”, nos diversos cursos de capacitação e atualização ministrados aos nossos professores, nomes como o de Heitor Alimonda (Piano), Léo Soares (Violão), Antônio Bezzan (Piano), Maria Tereza Madeira (Piano), Cecília Cavalieri França (Educação Musical), Claudia Freixedas (Flauta Doce), Renata Pereira (Flauta Doce), Elvira Drummond (Piano), Maria Clara Gebara (Piano), Thelma Chan (Canto Coral), José Gabriel Couto Viveiros (Flauta Doce), Estevão Teixeira (Harmonia), Lucas Ciavatta - O Passo, Ingrid Barancosky - UNIRIO (Piano), Adriana Mianna de Faria - UNIRIO (Percepção Musical), Alberto Sampaio Netto - UFMG, Angélica Vargas (Canto Coral), Vicente Viola – Educação (Violão), Liliam Ameal, Thatiane Corrêa Ramos Pires, André Luís Pires (Piano), Marcos Vinicius Amaral (Dança), Gabriel Guedes, Fernanda Canaud (Piano), Carla Reis (Piano), João Miguel Belard Freire (Piano), Leandro Turano, João William, Luis Carlos Barbieri (Violão), Luciano Pires (Violão), José Roberto Soares (Flauta Transversal), Ernesto Hartmann (Piano), Fábio Ventura (Piano), Duo Giz Branco (Piano), Leo Soares (Violão), Turíbio Santos (Violão), Camerata Violões Camarilha, Quarteto Machuara, Paulo Pedrassoli (Violão), Roberto Rosado (Violão), Walmyr de Oliveira (Violão), Matheus Rosenthal (Violão), Graça Alan, Dudu Lima Trio, Marcos Ariel (Música Instrumental), Laura Ronai (Flauta Doce), Marcelo Thys (Piano), Maria Aída Barroso (Cravo), Canção das Iluminuras - Orquestra BH, Orquestra Sinfônica Padre José Maria – SJDR.
Entre as iniciativas que movimentaram os Conservatórios mineiros nos anos de 1997 e 1998, destaca-se, por sua relevância, o Projeto “Música na Escola”. Iniciou-se com a capacitação de um grupo de professores de cada um dos conservatórios, em jornadas de intensas atividades em oficinas práticas de distribuição de material de apoio. Posteriormente, esse trabalho se estendeu às escolas da rede estadual e municipal, nas cidades sob a jurisdição das Superintendências de Ensino onde se localizavam os conservatórios, cujo os professores, nessa frase, passaram a prestar atendimento de forma Itinerante às escolas de ensino regular, levando-lhes a música através da oficina lúdica, com muita criatividade e alegria, instrumentalizando os professores da rede com a arte-educação. Os resultados foram frutíferos, reduzindo o índice de incidência de muitos problemas como evasão escolar e distúrbios de comportamento.
Para os conservatórios, foi uma grande experiência. De uns anos para cá, o perfil dos alunos mudou muito. O Conservatório de Música deixou de ser uma escola elitizada, como na época de 50, pois naquela época, em uma cidade como Leopoldina, quem procurava o Conservatório eram as moças da classe média alta, que deveriam estudar piano como um complemento de sua formação e educação. Aos poucos, a clientela foi ficando mais diferenciada, e o interesse dos alunos foi mudando. Além disso, o ensino na música teve que repensar sua prática e conquistar seu espaço, em meio a um mercado diversificado e influenciado pela voracidade da mídia, que a todo instante determina as preferências do público, tanto em termos nacionais como internacionais. Em decorrência desse processo de construção e desenvolvimento da educação musical e das escolas de música, o Conservatório congrega atualmente alunos com diferentes interesses, religiões diversas e situação social distinta: crianças, homens, mulheres, idosos, pessoas com necessidades especiais, brancos e negros. Assumiu-se o desafio de confraternizar essa diversidade de perfis, promovendo sua integração em torno do ideal de “fazer arte”, fazer música em seus diversos sentidos e significados, usando-a para vários fins e objetivos. O Projeto “Música na Escola” ajudou na popularização dos conservatórios e consolidou o ideal da escola para todos, da música para todos.
Tendo em vista o quantitativo de pessoas formadas nos Cursos de Instrumento, Canto e Educação Artística do Conservatório Estadual de Música Lia Salgado, bem como o grande contingente de pessoas que tem participado das atividades que promove, pode-se considerá-lo a maior referência cultural da cidade de Leopoldina.